CASARÃO DO ANASTÁCIO

Marginal Tietê com ponte da Anhanguera

Terreno: 181.000 m² comprado pela Eztec

Casarão: 1.500 m² (tombado pelo Conpresp)

 

Fez 24 anos (em 2017) que o antropólogo Edson Domingues pediu a abertura de processo de tombamento para  proteger o Casarão do Anastácio, construção em estilo hispânico erguida em 1920 em Pirituba, na Zona Norte da cidade. Até hoje, o Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental), ligado à Secretaria Municipal de Cultura, não definiu o destino do imóvel. “Faço um apelo pela finalização do processo de tombamento”, pediu Domingues, que pertence ao conselho do Movimento Cultural de Pirituba. Degradado há muito tempo, o Casarão do Anastácio fica num terreno que pertence hoje à incorporadora EZTEC. A empresa pretende erguer na área edifícios residenciais e vai restaurar o imóvel para lhe dar uso comunitário, ainda não definido. “É uma boa notícia”, reagiu Domingues, que afirma que Pirituba ainda não dispõe de um bom espaço cultural.

 

O Casarão do Anastácio foi erguido onde havia uma casa de taipa em pilão, que pertenceu à Marquesa de Santos. Ela, nascida Maria Domitila de Castro Canto e Melo, virou marquesa após se tornar amante de Dom Pedro 1, a quem conheceu poucos dias antes da declaração da Independência do Brasil, em 1822. Anos depois, ela foi mulher do coronel Anastácio de Freitas Trancoso, que se destacou na vida social e política de São Paulo no século 19. Herdou a propriedade do brigadeiro Tobias de Aguiar, com quem também manteve relacionamento. Ela morreu em 1867, aos 70 anos. “É em homenagem a eles que existem na Zona Oeste os bairros do Parque Maria Domitila e a Vila Anastácio”, lembrou Domingues. O antropólogo recordou  que a Marquesa de Santos era muito avançada para seu tempo. Ela protegia as pessoas pobres. Uma vez, socorreu as vítimas de uma embarcação a vapor que afundou no Rio Tietê. “A marquesa fumava, o que era raro para mulheres do seu nível social na época, principalmente porque o fazia em companhia das escravas da fazenda do Anastácio”, contou Domingues. O Casarão do Anastácio, que tem 92 anos, já serviu de hospedaria e lugar de criação e treinamento de cavalos. Quase foi incorporado a um parque municipal. (diariosp.com.br) 

 

TOMBAMENTO APÓS 21 ANOS

 

O Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio (Conpresp) tombou ontem (19/03/2013) o Casarão do Anastácio, em Pirituba, na zona norte, 21 anos depois da abertura do processo. O imóvel, que hoje pertence à incorporadora Tishman Speyer, estava em ruínas e era alvo de disputas imobiliárias. Localizado na Marginal do Tietê, no acesso à Rodovia Anhanguera, o prédio é um dos poucos em São Paulo no estilo arquitetônico de "missões" ou hispânico. "É um bem com valor paisagístico e, principalmente, de referência para os moradores que saíam de São Paulo rumo a Campinas", afirma o arquiteto Marcos Winther, diretor da Divisão de Preservação (DPH), que fez uma pesquisa histórica para elaborar o projeto de restauração. O antropólogo Edson Domingues, de 44 anos, foi quem protocolou o pedido no órgão da Secretaria Municipal de Cultura, em 1992. Coordenador do Movimento Cultural de Pirituba, ele afirma que o imóvel era símbolo histórico do bairro, mas, desde que foi abandonado, se tornou alvo de vândalos. "A morosidade do poder público fez com que o nosso pedido se tornasse um dos recordistas de tempo de espera." A liberação das antigas solicitações de tombamento marca a mudança de gestão do Conpresp, que, no começo deste mês, passou a ser comandado pela arquiteta Nádia Somekh. "Eu estou resgatando os processos em mutirão. Fico penalizada de ver imóveis há 20 anos sem definição", afirma Nádia. 


  

VIDEO EXCLUSIVO: CONHEÇA POR DENTRO 


 

Começou a obra no terreno do Casarão do Anastácio, entre Vila Fiat Lux, marginal Tietê e rua Inácio Luis da Costa. A proprietária, Eztec, é conhecida por imóveis de alto padrão; o Casarão, tombado pelo patrimônio histórico, deverá ser restaurado ou reformado e virar um centro cultural aberto para a população.  

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